História
Creixomil
Creixomil, cujas origens se estendem pelo menos aos longínquos tempos dos romanos, como nos mostram alguns vestígios dessa era, disseminados pela freguesia e a própria história no-lo documenta, com factos e narrativas desmentíveis. Dentro destes últimos, enumera-se uma inscrição numa lápide (presente no Museu Martins Sarmento), uma antiga estrada, também conhecida por “caminho real” (que ligava Guimarães ao Porto e a Braga), e uma ponte em arcos de cantaria, falando-se igualmente numa suposta moeda romana que por aqui teria aparecido.
Outras pesquisas (da autoria do Padre Avelino J. da Costa) apontam para a existência da vila, ou de algo semelhante a um espaço latifundiário e terreno arroteado já relativamente organizados, por voltas do século VIII, aproximadamente um século antes do grande marco histórico de Creixomil, que foi o tão propalado documento de doação do ano de 926.
Já o notável historiador vimaranense João de Meira, dizia numa memorável conferência na Sociedade Martins Sarmento, o seguinte:
“Antes que Portugal fosse Portugal, antes que o Concelho de Guimarães fosse o término de Vimaranes, já Creixomil era Creiximir…”
Guimarães
Habitualmente designada por Berço da Nacionalidade, a cidade de Guimarães possui características ímpares que a distinguem de outras cidades portuguesas e a colocam num lugar de relevo na História de Portugal, o que lhe confere tal epíteto:
– de acordo com o que reza a tradição, terá sido em Guimarães que nasceu e foi baptizado aquele que, em 1179, viria a ser coroado o primeiro Rei de Portugal , D. Afonso Henriques;
– Guimarães assumiu um papel de grande relevo no tempo do Condado Portucalense, pois era a sua villa mais importante;
– Guimarães terá sido palco da batalha de S. Mamede, cuja vitória de D. Afonso Henriques foi decisiva para a fundação da Nação Portuguesa ao garantir a independência do Condado Portucalense face ao Reino de Leão. A origem de Guimarães remonta a uma villa, então designada Vimaranes, que se julga ser o genitivo do nome pessoal de origem germânica Vimara ou Guimara, o qual seria um dos donos desta terra. Com o passar dos séculos, a palavra foi evoluindo para Guimarães por via do Latim. No entanto, ainda hoje os habitantes de Guimarães são designados por “Vimaranenses”. No século X, a Condessa Mumadona Dias, tia do Rei Ramiro II de Leão e viúva do Conde Hermenegildo Gonçalves, manda construir na sua terra Vimaranes o convento de frades e freiras que se tornou num pólo de atracção e de fixação populacional. Para sua defesa, Mumadona manda erguer o Castelo, entre os anos de 959 e 968. A então villa Vimaranes desenvolve-se em volta destes dois pólos dinamizadores: o Convento e o Castelo. No século XI o rei Afonso VI de Leão e Castela entrega o governo da Província Portucalense ao Conde D. Henrique, que para aqui vem viver. Este casa-se com D. Teresa (filha ilegítima de D. Afonso IV). Desta união nasce, em 1111, aquele que viria a tornar-se o primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques. Em 1114, o Conde D. Henrique morre, tendo, poucos anos antes, outorgado foral à villa Vimaranes concedendo privilégios especiais aos seus moradores. Em 1128, no dia vinte e quatro de Junho, dá-se a Batalha de S. Mamede. O Campo de S. Mamede, junto ao Castelo de Guimarães, é apontado por vários historiadores como tendo sido um dos seus palcos. Esta batalha é travada entre as hostes de D. Afonso Henriques e as de sua mãe, D. Teresa e do Conde de Trava de Galiza, em que os primeiros defendiam a independência do condado face ao reino de Leão. Esta batalha é vencida por D. Afonso Henriques marcando assim os alicerces da nação Portuguesa. Em 1179, D. Afonso Henriques é reconhecido Rei de Portugal pelo Papa Alexandre III. No século XII, o Convento, fundado pela Condessa Mumadona Dias, vai ser transformado em Colegiada, que ao longo dos tempos vai ver o seu prestígio e importância valorizados face às doações e privilégios que lhe vão sendo concedidos por reis e nobres. Com o passar dos séculos, Guimarães vai ser palco do desenvolvimento de algumas indústrias como sendo a cutelaria, a fiação e tecelagem de linho, a curtimenta das peles e a ourivesaria. No plano religioso, a devoção pela Virgem Santa Maria de Oliveira faz da vila um importante centro de peregrinação. Em volta dos seus dois pólos dinamizadores – do Convento e do Castelo – vai ser construída uma muralha defensiva e, a ligá-los, forma-se a Rua de Santa Maria. Aos poucos, estes dois aglomerados urbanos vão fundir-se num único e a organização e fisionomia da vila intramuros pouco mudará após o século XV. A instalação das ordens religiosas dos Dominicanos e Franciscanos, fora dos muros do burgo, vai contribuir para a urbanização extra-muros e consequente alargamento da cidade. No ano 1853, a Rainha D. Maria II eleva a vila à categoria de cidade, sendo a partir daqui fomentado e autorizado o derrube das muralhas, muralhas estas das quais é ainda possível hoje em dia observar alguns vestígios.